segunda-feira, 26 de dezembro de 2011


Oração do Lótus



Senhor, ilumina a minh’alma.

Elimine as dúvidas que cerceiam a minha mente, os sentimentos de fracasso e de culpa,
que questionam o meu caminho, libertando o meu ser;

Orienta-me diante das dificuldades e obstáculos, que às vezes parecem intransponíveis.

Dai-me luz, força, esperança e a certeza de seguir a trilha do despertar.

Que os meus ideais,correspondam aos ideais do amor.

Que os meus pensamentos,sejam como as Flores de Lótus - que nascem e se desenvolvem puras, apesar de crescerem no lodo.

Que as minhas atitudes,sejam norteadas pela retidão, e meus relacionamentos,tenham como essência a Compreensão.

Que as minhas reflexões,permitam-me o exercício da humildade.

Que a minha consciência, de tão límpida,possa refletir o esplendor da Luz sobre a Vida.

Senhor, quando cansado, eu sucumbir de joelhos,estenda-me as mãos do entendimento,
para que eu possa me reerguer,amenizando assim, a minha dor,através da compreensão;

Que eu consiga então,continuar a seguir o caminho trilhado por vós,apesar dos vários desvios;

Que eu continue a andar,apesar das pedras machucarem-me os pés;

Que eu possa seguir semeando e cultivando, para que o amor brote nos corações das pessoas,e a vida encontre o seu significado;

Que possamos aprender definitivamente,que a tão almejada felicidade e realização,
não vem pelo poder, prazer ou pela ausência de dor,mas sim pelo exercício do amor, do verdadeiro amor.

Perdoa-me Senhor pelas minhas falhas.

Porém, tenho a certeza de que falharei,e falharei novamente, pois as falhas fazem parte dos acertos, e o aperfeiçoamento pessoal é laborioso e difícil, pois entendo, que o Homem Consciente não nasce bom, ele se torna bom.

Tenho a convicção de que a verdade presente no meu coração é fruto do espírito puro que brotaste em mim.

E que minhas ações, sejam elas enormes ou ínfimas, simples ou complexas, aparentes ou somente supostas,são o retrato daquilo que busco expressar da essência da minh’alma.

Perdoa-me Senhor, por não conseguir ainda completar a realização mais nobre dos meus propósitos e ideais.

Perdoa-me em certas ocasiões, onde me perdi diante das minhas próprias ilusões.

A minha mente, parecia desenhar o por vir, e por excesso de presunção esqueci da minha própria insignificância.

Não cabe a mim, querer planejar ou controlar o futuro, mas somente utilizar melhor o meu presente contribuindo para um futuro melhor.

Certamente a experiência me mostrará como obter melhor proveito do meu livre arbítrio.

Obrigado finalmente Senhor,pois encerro aqui, mais uma fase de crescimento.

Às vezes dura, quando percebo às minhas limitações, e daqueles que me cercam.

Às vezes sublime, quando sinto toda a energia que parece querer transpor o meu próprio ser, e que representa a centelha divina de vida que habita o meu corpo e ilumina o meu viver.



AMÉM

domingo, 25 de dezembro de 2011


1530 MÚSICAS ITALIANAS.




uma preciosidade...

Impressionante este site...

É rápido e tem cantores e cantoras de quem nunca ouvimos falar.

Som estéreo, com traduções de todas as músicas para o português...

É para todos os que viveram o apogeu da música italiana na sua adolescência.

Melodias que não ouvimos nas rádios há décadas e são espantosamente belas.


COLE E CLIQUE

http://italiasempre.com/verpor/mp32.htm

QUEM NÃO PRECISA?



Um dia eu estava na frente de casa secando meu carro.

Eu tinha acabado de lavar o carro e esperava minha esposa para sair para o trabalho.

Vi, descendo a rua, um homem que a sociedade consideraria um mendigo.

Pela aparência dele, não tinha carro, nem casa, nem roupa limpa e nem dinheiro.

Tem vez que você se sente generoso mas há outras vezes que você não quer nem ser incomodado.

Este era um dia do "não quero ser incomodado".

- Espero que não venha me pedir dinheiro. Pensei.

Não veio.

Passou e sentou-se em frente, no meio-fio do ponto de ônibus e não parecia ter dinheiro nem mesmo para andar de ônibus.

Após alguns minutos falou,
- É um carro muito bonito.

Sua voz era áspera mas tinha um ar de dignidade em torno dele.

Eu agradeci e continuei secando o carro.

Ele ficou lá.

Quieto, sentado enquanto eu trabalhava.

O previsto pedido por dinheiro nunca veio.

Enquanto o silêncio entre nós aumentava, uma voz interior me dizia,
- Pergunte-lhe se precisa de alguma ajuda.

Eu tinha certeza que responderia sim mas, atendendo à insistente voz interior...
- Você precisa de ajuda? Perguntei.

Ele respondeu com três simples palavras acompanhadas de um sorriso que me deram uma sacudida.
- Quem não precisa?

Eu precisava de ajuda.

Talvez não para a passagem do ônibus ou um lugar para dormir, mas eu precisava de ajuda.

Peguei minha carteira e lhe dei dinheiro, não somente o bastante para a passagem do ônibus mas também para conseguir uma refeição e um abrigo.

Aquelas três palavras ainda soam verdadeiras.

Não importa o quanto você tem, não importa o quanto você realizou, você também precisa de ajuda.

Não importa o quão pouco você tem, não importa o quão cheio de problemas você esteja, até mesmo sem dinheiro ou um lugar para dormir, você pode dar ajuda.

Mesmo que seja apenas um elogio, você pode dar.

Você nunca sabe quando poderá ver alguém que parece ter tudo mas que, na verdade, está esperando de você algo que não tem.

Talvez o homem fosse apenas um desconhecido desabrigado que vagueia pelas ruas.

Talvez fosse mais do que isso.

Talvez ele tenha sido enviado por uma força maior e sábia para ensinar à uma alma acomodada em si mesma.

Talvez Deus tenha olhado pra baixo, chamado um anjo, vestido-lhe como um mendigo e, a seguir, disse,

- Vá encontrar-se com aquele homem que limpa o carro, ele precisa de ajuda.

"Quem não precisa?"



Tradução
SergioBarros

sábado, 24 de dezembro de 2011


Parábola da Borboleta




Certo dia, um homem estava no quintal de sua casa e observou um casulo pendurado numa árvore.
Curioso, o homem ficou admirando aquele casulo durante um longo tempo.

Ele via que a borboleta fazia um esforço enorme para tentar sair através de um pequeno buraco, sem sucesso.

Depois de algum tempo, a borboleta parecia que tinha desistido de sair do casulo, as suas forças haviam se esgotado.

O homem, vendo a aflição dela para querer sair resolveu ajudá-la: pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo para libertar a borboleta.

A borboleta saiu facilmente, mas seu corpo estava murcho e as suas asas amassadas.

O homem, feliz por ajudá-la a sair, ficou esperando o momento em que ela fosse abrir as asas e sair voando, mas nada aconteceu.

A borboleta passou o resto da sua vida com as asas encolhidas e rastejando o seu corpo murcho.

Nunca foi capaz de voar…

O homem então compreendeu que o casulo apertado e o esforço da borboleta para conseguir sair de lá, eram necessários para que o fluido do corpo da borboleta fosse para as suas asas para fortalecê-las e ela poder voar assim que se libertasse do casulo.


Moral da história:

às vezes o esforço é necessário para o nosso crescimento e fortalecimento.

Se vivêssemos a nossa vida sem passar por quaisquer obstáculos, talvez não conseguiríamos ser tão fortes quanto podemos ser.

Pedi Força… e Deus me deu dificuldades para eu ficar forte.

Pedi Sabedoria… e Deus me deu problemas para resolver.

Pedi Prosperidade… e Deus me deu cérebro e músculos fortes para trabalhar.

Pedi Coragem… e Deus me ofereceu perigo para eu superar.

Pedi Amor… e Deus colocou em minha vida pessoas com problemas para eu ajudar

Enfim… não recebi nada do que pedi.

Mas recebi tudo o que eu precisava…

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011


Árvores que não plantamos



Árvores que não plantamos


Quantos Natais serão necessários para obter a paz?
Quantos presentes serão necessários para trazer alegria?
Quantos abraços trocados serão precisos para acalmar?
Quantos beijos demorados precisamos para sentir amar?

Neste Natal, deixe-se envolver pela vontade plena de ser feliz,deixando de lado o comercial que te pede um presente caro,deixando de lado o sentimentalismo barato dos shoppings,deixando de lado essa falsa impressão de que algo mudou,e apostar definitivamente na mudança interior,como força capaz de promover a mudança que queremos no mundo.

A fome continua grande,o abandono faz fila nas ruas,o desespero toma conta de muitas mães,
o medo fala aos corações dos pais,a droga ainda é o pior consolo de muita gente,a falta de esperança caminha entre as casas,passa pelas luzes que não acendem,pelas árvores que não respeitamos,pelos animais que matamos em nome da ceia,pelos parentes que não convidamos e nem perdoamos,pelo Jesus que ignoramos quando não o buscamos,quando não entendemos a sua simplicidade,quando Ele pede para amarmos ao próximo como a nós mesmos,
e nós não conseguimos, pois falta-nos a compreensão do amor.

Que o Natal seja tempo de reflexão, de silêncio,de inspiração para dias melhores,de renovação da nossa capacidade de ser melhor,de respeitar cada indivíduo, cada ser,e ser Iluminado pela verdade,que se chama "felicidade".




Paulo Roberto Gaefke

Meu Aniversário




Como você sabe, está chegando novamente a data de meu “aniversário.

Todos os anos fazem festa em minha honra e creio que este ano acontecerá a mesma coisa.

Nesses dias as pessoas fazem muitas compras, o rádio e a TV fazem centenas de anúncios.

Por todo canto não se fala de outra coisa a não ser dos preparativos para o grande dia.

É bom saber que ao menos um dia por ano, algumas pessoas pensam um pouco em mim.

Como você sabe, há muitos anos começaram a festejar meu aniversário.

No começo, pareciam compreender e agradecer o que fiz por eles, mas HOJE em dia, ninguém sabe por que razão o celebram.

As pessoas se reúnem e se divertem muito, mas não sabem do que se trata...

Estou me lembrando do ano passado: ao chegar o dia do meu aniversário, fizeram uma grande festa em minha honra.

Havia coisas deliciosas na mesa, tudo estava decorado e havia muitos presentes... mas sabe de uma coisa?

Não me convidaram!

Eu era o convidado de honra e ninguém se lembrou de me convidar!

A festa era para mim e quando chegou o grande dia, fecharam a porta na minha cara.
Bem que eu queria partilhar a mesa com eles...

A verdade não me surpreendeu porque, nos últimos anos, muitos me fecham a porta.

Como não me convidaram, ocorreu-me entrar sem fazer ruído, entrei e fiquei num cantinho.

Estavam todos brindando, alguns já estavam embriagados, contando piadas, rindo, divertindo-se.

Aí chegou um VELHO GORDO, VESTIDO DE VERMELHO, COM BARBA BRANCA E GRITANDO: HO! HO! HO!.

Parecia ter bebido demais...

Deixou-se cair pesadamente numa cadeira e todos correram para ele dizendo: Papai Noel! Papai Noel! como se a festa fosse para ele!

Quando chegou meia-noite, todos começaram a abraçar-se.

Eu estendi meus braços esperando que alguém me abraçasse...

Quer saber?

Ninguém me abraçou.

De repente, todos começaram a entregar presentes, um a um, os pacotes foram sendo abertos.

Cheguei perto para ver se, por acaso, havia algum para mim nada!

O que você sentiria se no dia de seu aniversário todos se presenteassem e não dessem nenhum presente para você?

Compreendi, então, que estava sobrando na festa...

Saí sem fazer barulho, fechei a porta, fui embora...

Cada ano que passa é pior: as pessoas só se lembram da ceia, dos presentes, das festas...

De mim ninguém se lembra.

Gostaria que, neste Natal, você me permitisse entrar na sua vida, reconhecendo que há mais de dois mil anos vim ao mundo para lhe dar minha vida na cruz e, assim, poder salvar você...

Hoje só quero que acredites nisso com todo seu coração... “

Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16

Vou dizer-lhe uma coisa.

Já que muitos não me convidam para a festa que fazem, vou fazer minha própria festa uma festa grandiosa como ninguém jamais fez, uma festa espetacular.

Estou nos últimos preparativos e expedindo os convites.

Este é especial para você.

Só quero que você me diga se quer vir: reservarei um lugar para você e incluirei seu nome na lista dos que confirmaram...

Os que não aceitarem, ficarão de fora.

Prepare-se porque quando tudo estiver pronto, quando menos se esperar, darei minha grande festa.

Não se esqueça de enviar este convite também aos seus amigos...

SOMENTE PARA OS AMIGOS ESPECIAIS

Assim como você é especial para mim, com certeza, há vários amigos que são especiais pra você.

Desta maneira, vamos fazer uma festa com os especiais”,afinal,“muitos serão os convidados, mas poucos serão os escolhidos, sabe por que?

Porque poucos aceitarão o CONVITE!

Se, com tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.

Porque com o coração se crê para justiça e com a boca confessa a respeito da salvação.” Romanos 10:9-10.



Que Deus os abençoe!

Equipe do JesusSite
www.jesussite.com.br

A Faxina



Estava precisando fazer uma faxina em mim...
Jogar fora alguns pensamentos indesejados,
Tirar o pó de uns sonhos,
Lavar alguns desejos que estavam enferrujando.....

Tirei do fundo das gavetas lembranças que não uso e não quero mais.
Joguei fora ilusões, papéis de presente que nunca usei, sorrisos que nunca darei...
Joguei fora a raiva e o rancor nas flores murchas
Guardadas num livro que não li.

Peguei meus sorrisos futuros e alegrias pretendidas e as coloquei num cantinho, bem arrumadinhas.
Fiquei sem paciência!
Tirei tudo de dentro do armário e fui jogando no chão:
Paixões escondidas, desejos reprimidos, palavras horríveis que nunca queria ter dito, mágoas de uma amiga
sem gratidão, lembranças de um dia triste...

Mas lá havia outras coisas... belas!!!
Uma lua cor de prata...os abraços....
Aquela gargalhada no cinema, o primeiro beijo....
O pôr do sol.... uma noite de amor .

Encantada e me distraindo, fiquei olhando aquelas lembranças.
Sentei no chão,
Joguei direto no saco de lixo os restos de um amor que me magoou.

Peguei as palavras de raiva e de dor que estavam na prateleira de cima -

Pois quase não as uso - e também joguei fora!

Outras coisas que ainda me magoam, coloquei num canto para depois ver o que
fazer, se as esqueço ou se vão pro lixo.

Revirei aquela gaveta onde se guarda tudo de importante: amor, alegria, sorrisos, fé…..
Como foi bom!!!

Recolhi com carinho o amor encontrado, dobrei direitinho os desejos, perfumei na esperança, passei um paninho nas minhas metas e deixei-as à mostra.

Coloquei nas gavetas de baixo lembranças da infância; em cima, as de minha juventude, e... pendurado bem à minha frente, coloquei a minha capacidade de amar... e de recomeçar...

Martha Medeiros

O vaga-lume e a serpente



Conta a lenda que uma vez uma serpente começou a perseguir um vaga-lume.

Este fugia rápido da feroz predadora, e a serpente não desistia.

Primeiro dia , ela o seguia.

Segundo dia ,ela o seguia...

No terceiro dia, já sem forças,o vaga-lume parou e falou á serpente :

-Posso te fazer três perguntas?

-Não estou acostumada a dar este precedente a ninguém porém como vou te devorar, podes perguntar. Contestou a serpente !!

-Pertenço a tua cadeia alimentícia ?
Perguntou o Vaga lume.

Não, respondeu a serpente.

-Eu te fiz algum mal ?
Diz o vaga-lume.

-Não.
Tornou a responder a serpente.

Então por que queres acabar comigo ???

-Porque não suporto ver-te brilhar.


Conclusões

Muitas vezes nos envolvemos em situações nas quais nos perguntamos:

Por que isso me acontece se não fiz nada de mal ,nem causei dano a ninguém?

Certamente a resposta seria :

Porque não suportam ver-te brilhar.. !

Quando isso acontecer, não deixe diminuir seu brilho.

Continue sendo você mesmo,!

Segue fazendo o melhor!

Não permita que te lastimem, nem que te retardem.

Segue brilhando e não poderão tocar-te...

Porque tua luz continuará intacta.

Tua essência permanecerá, aconteça o que acontecer...

Seja sempre autêntico, embora tua luz incomode os predadores.!!

( Muito lindo! Tive que copiar...)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011


Você é um sucesso


Mudando de atitude, tudo se modificará.
Por Zibia Gasparetto, em Conversando Contigo! 

domingo, 4 de dezembro de 2011


"Eu sei, mas não devia"


"Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.A gente se acostuma para poupar a vida.Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma."

Texto de Marina Colasanti .